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A cobrança do segundo filho

Sempre converso sobre as cobranças que a vida , ou melhor, as pessoas nos impõe ao longo da nossa existência. Começamos a nos relacionar de forma mais frequente com os outros e algumas regrinhas são impostas como se fossem urgentes e necessárias para nossa sobrevivência.

Casar, ter filhos, ter neto, estudar, formar, ter um emprego assim assado, um amigo ou um namorado dessa ou daquela maneira…  É cobrança que não acaba mais.

Nos tempos atuais as coisas estão mudando, e algumas imposições tem ficado em segundo plano pra muitos. Casar em vários casos tem sido secundário, principalmente pra quem quer ter primeiramente segurança financeira, seja o homem ou a mulher. Ter filhos não é vontade de todos. E ter mais de um, dois?

As coisas são questionadas sem ao menos um conhecimento prévio de como é a vida da pessoa.

Se tratando do assunto filho, ou melhor dizendo, do primeiro filho, confesso que no meu caso nem teve tempo para tal cobrança, já que Maria resolveu dar as caras logo no início do meu casamento.

Mas das perguntas sobre o segundo, ahhh dessas eu não escapei.
Ou não escapo até hoje: “Só tem uma”? “Não vai ter mais” ? “Filho único é tão ruim” “Ela vai te cobrar depois” “Ela não sabe o que é ter um irmão”

E a crucial que, como diz meu marido, muda o foco de “não vai ter mais ? ” para “Não QUIS ter outro”?

Não quis??? Como me sair inteira dessa pergunta?
Se fôssemos falar todos os motivos de não ter tido o segundo filho, acho que deixaríamos muita gente com o rosto vermelho.
As vezes me sinto uma pamonha, dando uma resposta que não queria dar só pra não deixar as pessoas sem graça, ou mesmo pra não dar satisfação de algo que é muito íntimo e só cabe exclusivamente ao casal, à família.
Mas como não é do meu feitio deixar as pessoas sem graça, quem fica sou eu.

Só pra ilustrar, nem da Maricota consegui me livrar da pressão, que ficou por algum tempo nos cobrando um irmão.  E por um bom tempo me sentia culpada de não poder “dá-la”. Acho que além do fato de vivermos mais sozinhos, longe de parentes e vizinhos com filhos da mesma idade, acho que é normal de todo filho único pedir um irmão. Mas ela sempre gostou de crianças, talvez seja (também por esse motivo). Dia desses já falou que não quer. Seria o egocentrismo da pré-adolescência? Vai saber…

Tenho um irmão, muito prestativo, super preocupado comigo (e com todos, isso é dele), um tanto ajudador, mas eu e ele nunca fomos cúmplices. Ele tinha seus amigos, eu os meus. Nunca tivemos diálogo aberto, somos muito diferentes um do outro.

Desde que Maria tinha 4 anos, ascendeu em nós o desejo de adoção. Eu ja estava com 41 anos e além de gostar de crianças, achava sensato pensar em adotar se tratando da idade que estava passando. Entramos na fila, recebemos a visita de uma assistente social, mas como no Brasil as coisas são muito morosas, não tivemos a alegria de receber mais um filho em nossa casa.  Agora eu pergunto: como explicar isso à qualquer pessoa que questionava sobre um segundo filho. Era algo muito particular e sagrado que não dava pra sair espalhando na época.

O tempo foi passando e a idade também. Na gestação de Maria descobri que no útero que carregava a Senhorinha tinha também um mioma, um tumor benigno que muitas mulheres desenvolvem ao longa da vida. Fui acompanhando e com o aumento de tamanho, e sabendo ter mais de um,  foi mais um fator para não se ter mais um filho de forma natural, já que o médico disse que (com outras palavras) seria algo perigoso e arriscado. Mais um motivo constrangedor que não dá pra sair falando e explicando a cada um que perguntar…

Claro, eu também por inexperiência já perguntei algo semelhante a alguém e acredito que posso ainda ter algum deslize, mas hoje, por entender certas decisões de terceiros, de pessoas próximas, respeito e tento não fazer  perguntas. Seja em que situação a pessoa se encontre. Cada vez mais tenho  empatia a determinadas escolhas. Cada pessoa toma decisões de acordo com a vida que vive, por algum motivo que só cabe a eles saberem.

Conheço pessoas que, por exemplo, não querem ter filhos e é tão compreensível quanto aquela que quer ter 2, 4, 5.
Penso que a vida por si só já é tão cheia de cobranças, devemos se pudermos, evitar tais situações que constrangem e pressionam pra deixar as pessoa mais livres, mais tranquilas e à vontade com suas decisões e circunstâncias.

Não condeno quem faz essas perguntas. Sei que muitas vezes é curiosidade ou vontade de puxar um papo, quem sabe? Mas alguns questionamentos são desagradáveis, principalmente se tratando de pessoas que não são tão íntimos da gente.

Eu amo crianças, confesso que se pudesse teria a casa cheia, mas a vida vai tomando outros rumos e devemos ser felizes com as decisões que acatamos pra gente ou a vida nos impõe.
Tenho consciência que essa cobrança será pro resto da vida…. As pessoas, por algum motivo que não sei, não se contentam em deixar com que os outros vivam sua vida tal qual ele escolheu.

Sobre a adoção, depois de tantos anos na espera, a vida, os planos, tomaram outras posições por aqui, mas confesso que se acontecer um dia, o coração está totalmente aberto pra receber mais essa gestação de amor!

Por Teresinha Nolasco, Mãe da Maria

 

Conheça aqui a experiência de outras mamães.

Chica – Chica Brinca de Poesia

Carol – Blog Vamos Conversar

Renata Diniz – Diário de Alegria

Cris Philene – Prosa de Mãe

Ju Pelizzari – Mãe sem Fronteiras

Ana Paula – Manhã de Jasmim

 

Fiquem atentas mamães!

Nossa próxima postagem que será no terceiro domingo de janeiro, dia 20 e trará o tema:

“Ser mãe, nem sempre é ser Super”!

 

Abordagem:

* Quem nunca se cansou de ouvir um milhão de mãeeeeeeee…. por dia?

* Levanta a mão quem nunca: gritou, perdeu a paciência, o controle, as rédeas, simplesmente por estar cansada.

* A gente se torna mãe, e o mundo ao redor acha que temos que dar conta de tudo, como se fôssemos Super.

* A rotina diária com os filhos cansa, porque é pesada. É árdua, é estar disponível as 24 horas do dia, e fazendo hora extra quando os filhos não passam bem.

* E se, algo no dia a dia não vai bem, sai do controle, a gente às vezes desaba. Se sente culpada, frustrada, acreditando que não dá conta, mas, simplesmente foi só um dia ruim…

* Repetimos pra nós mesmas o mantra que só mãe entende mãe, mas, será que entende mesmo?

Como funciona a BC (Blogagem Coletiva)

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