A vida é cheia de movimentos, de pessoas diferentes com suas características peculiares, com seu modo de vida. Todas elas com sua importância e valor. Andando pelas ruas, na escola, na família, dentro de casa, na igreja, por uma praça, sempre apresentamos à Maria o valor dessas pessoas. A compaixão por seu modo de vida, a simplicidade que cada um traz, a beleza de sua idade, seja uma criancinha, jovem ou um idoso.

Assim Maria cresceu. Olhamos sempre com ternura e muito sentimento para as pessoas, para um vovô, vovó, para um bebê. Em todos vemos beleza. Cada um traz sua história, sua luta, suas alegrias, sua vida à mostra no rosto, no corpo empinado ou curvado e cansado com os anos.

Não é diferente para os trabalhadores da rua. Artistas que temos vários na cidade e todos os dias tentam ganhar espaço mostrando seu trabalho, sua arte, sua habilidade para assim também, conseguirem seu sustento.

Neste domingo, após assistirmos à missa, encontramos na praça que fica de frente à igreja, um rapaz trabalhando em bonequinhas de crochê: Renato é seu nome!

Nas mãos trabalhadoras, uma agulha pequena, fina e simples, dava vida a lindas bonequinhas de linha para enfeitarem geladeira.

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Mãos sensíveis que fazem arte!

Maria quer sempre ajudar. Todas as vezes que vê um malabarista na rua, ou um tocador de instrumento na calçada, pede logo uma ou mais pratinhas pra colocar no meio das outras. Ela fica muito feliz em poder contribuir, mas paramos não só para depositar ali o dinheiro, mas para prestar atenção na arte que nos chamou atenção. É esse o primeiro objetivo de quem trabalha na rua: mostrar seu trabalho!

O primeiro olhar é de encanto para as bonecas e logo vem a valorização do trabalho daquele rapaz. Conversamos com ele que nos contou ter aprendido essa habilidade com sua mãe e que sabia fazer só as bonequinhas. Que ele não sabia criar , mas sua mãe sim e narrou orgulhoso que ela é criativa, faz tapetes e cria a partir de outros pontos na agulha.

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Um trabalho de puro amor!

Moramos em Minas Gerais e Renato é de Cachoeiro do Itapemirim no Espírito Santo. Claro, estava ali para ganhar a vida e disse que havia gostado da cidade. Ele é pedreiro de obra e enquanto o serviço não saia, fazia as bonequinhas pra ajudar no sustento. Conversando mais, disse a ele que valorizo muito os trabalhos manuais. E dele ouvimos que algumas pessoas olham com deboche o trabalho.

Triste saber que num mundo “tão evoluído”, ainda existam pessoas sem sensibilidade, críticas e maldosas. Que não se colocam no lugar da outra, que massacram num simples olhar, sorriso ou palavra. Que “sem perceber” podem desvirtuar uma pessoa, uma situação com sua crítica destrutiva. E ele complementa: “pelo menos estou trabalhando, não estou roubando”. E eu concordo!

Claro que dei minha palavra positiva a ele. E fiquei admirando aquele moço jovem, insistindo em quebrar preconceitos e se posicionando bem na vida, como ele acredita que deve ser, com seu trabalho de amor e simplicidade.

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Uma praça, um domingo, um artista!

Esperamos papai chegar e levamos pra casa três bonequinhas. Maria que adora uma matemática fez as contas de quanto ele ganharia se vendesse todas as bonecas… Essa Maria!!! Ela queria mesmo era levar todas. E pra falar a verdade eu também.

Ficamos felizes com nossa simples contribuição e levamos delicadezas, graça e amor pra casa. Levamos uma história que encheu nosso coração de sabedoria e amor. E a certeza que cada vez mais é preciso ter um olhar amável, empático e sensível ao nosso próximo.

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Três mocinhas muito elegantes!