Sempre digo que sou uma privilegiada em relação à maternidade. Um dos privilégios foi ter amamentado minha pequena senhorinha de forma plena e satisfatória. Muito leite, muita tranquilidade. Embora muito cansaço.

E a benção começou na maternidade com minha bebezinha em seu primeiro contato com o peito da mamãe: e assim saiu o colostro. Com a ajuda da enfermeira e mesmo com a mamãe totalmente inexperiente, Maria conseguiu sugar. Daí pra frente não parou mais.

E o que viria pós maternidade, seria experiência e aprendizado. Aprendemos tudo sozinhos. Não tínhamos nenhum parente por perto para ajudar ou interferir. Conseguimos!

O leite chegava a cada mamada. E seus olhinhos direcionados aos meus, me cobriam de encantamento paixão e amor. 

Mas nem tudo foram flores. Meus peitos cheios de leite empedravam e doíam. E papai, carinhoso e preocupado me aliviava com suas massagens constantes. 

Também não foi “privilégio” apenas de outras mamães ter ferido o peito. Minha mama esquerda machucou . Maria sugava forte. Preocupada recorri a internet para ler o que fazer. Lia tudo. Queria fazer o melhor pra mim e minha pequena. Foi aí que me informei que era preciso insistir, mesmo com o seios doloridos e feridos. Passar o próprio leite materno para curá-lo. Deu certo! O peito se curou e continuei a amamentar sempre que a bezerrinha reclamava fome.
Assim Maria usufruiu do leitinho da mamãe até 2 anos e 2 meses, quando necessariamente tive que parar: pelo cansaço e pra pequena desprender do aconchego que não mais a nutria. Estava indo pra escolinha, era preciso “desmamar”.
Como abdiquei de trabalhar fora de casa para ficar com ela, pude ter tranquilidade para isso. E não precisei passar pela licença maternidade que muitas mamães tem que passar. 
E mais uma vez me sinto privilegiada. Infelizmente não são todas as mamães que gozam desse prazer sem preocupações. 
Quantas gostariam de ficar em casa tranquilas por período indeterminado?
Quantas gostariam de ter tido esse tempo precioso com seu fiho, sem aflição, angústia ou ansiedade?
E como se não bastasse passar tão rápido os 4 ou 6 meses e deixarem um pedaço do seu coração pra trás, sofrem ao voltar ao trabalho, ou sofrem antes (o que é pior), de sua licença. Pressionadas, incompreendidas, lesionadas por patrões injustos e intolerantes.

O que deveria ser um benefício, muitas vezes acaba se tornando uma tormenta para essas especiais mamães que dedicam seu tempo em curto período para darem o melhor para seus filhos.

Não! Licença Maternidade nunca será férias. Nem mesmo a maternidade em si. Dá trabalho, e muito trabalho. Além de muito amor, requer cuidados extremos, zelo, esforço.


Não senti toda essa dor, não passei por essa angústia, tive algumas dificuldades, não problemas, mas, me solidarizo com elas. Abraço todas elas que não puderem ter uma amamentação tão esperada como eu tive. A tranquilidade de amamentar sem peso algum, ou sem interferências de terceiros. A alegria de estar em casa e aprender junto com seu filho, sem pensar que hora ou outra teriam que voltar ao trabalho e deixar seu pedacinho de gente. 

Mas sabemos que todas são  guerreiras, independente de qualquer coisa. Com pouco leite, com leite manchando sua blusas, com bicos doloridos, com ou sem tranquilidade, com patrões injustos e desumanos.

Todas tiveram o desejo de amamentar, de dar a melhor alimentação ao seu rebento, de poder contemplar como eu contemplei, do sorriso e do olhar desses pequenos que já sabiam: tinha muita luz nessa troca de olhares infindos e inexplicáveis, carregados sempre de muito amor… E isso ninguém apaga!

Amamentação tranquila fez parte da Blogagem Coletiva: 
Licença Maternidade Não é Férias!
Iniciativa Mamães em Rede – Mães diferentes no mesmo endereço!