Uma das minhas grandes satisfações em relação à família é ver pais e filhos entrosados. Um beijo, um abraço, a conversa constante, as mãos dadas.  Acho essa cumplicidade maravilhosa numa família.
É claro que nem todos os pais e filhos tem esse desprendimento, afinal cada família tem suas características e personalidade. Isso não quer dizer que não haja amor e respeito. Mas particularmente, julgo essa troca saudável e necessária.
A caminho da escola da Maria vamos observando esse entrosamento entre pais e filhos, e em meio a tantos que trocam chamegos, me chama sempre a atenção uma mãe levando a filha de mais ou menos 11, 12 anos de mãos dadas. Engraçado que a menina, assim como a mãe, é bem alta, então fica-se a impressão que a filha já é madura, o que prende mais ainda minha atenção, pois o comum é ver os pikititos agarrados às mãos dos pais.
Sempre comento admirada pro Cris quando elas passam e ele também admira. E me parece algo bem natural. Elas vão conversando, ou não, mas sempre de mãos dadas. Acho o máximo!
É assim que desejo pro futuro em relação à Maria e a nós. É assim que gostaria que fosse. Tento cultivar isso com ela, na verdade, tentamos, mesmo porque não é esforço nenhum, ao contrário, é uma delícia!
Eu sou babona, extremamente carinhosa e gosto de beijá-la sempre que dá uma folguinha. Assim é ela também. Mas acabamos sendo mais grudentos porque nem sempre ela está afim…. rs
Quero aproveitar bem essa fase, porque chega rapidamente a adolescência e com os hormônios alterados tudo pode mudar.
Mas tenho dentro de mim que se cultivarmos isso, essa troca vai permanecer, talvez num grau diferente, mas sempre presente.
Ela anda nos abraçando mais ultimamente, se joga com toda força e nos aperta.

Um dia desses, pelo que me recordo, estávamos arrumando pra escolinha e sem mais nem menos, ela soltou algumas palavras que na hora pedi pra repetir. Queria confirmar se tinha entendido aquilo mesmo.
“Mamãe, você é uma amiga preciosa”
Não preciso dizer que fui às alturas…. Preciosa foram aquelas palavras e pensamento vindo de uma cabecinha tão nova. Mas como não ouvir isso de vez em quando? É apenas o retorno do nosso carinho com ela.

Filhos e pais: respeito, limites, amor e amizade.

Embora muitos especialistas falem que pais tem que ser pais e não “amigos”, acredito no contrário.
Como dizer que não somos amigos se aconselhamos, ouvimos, repreendemos, choramos e rimos juntos com o filho?
Fazemos isso naturalmente com um amigo, com o cônjuge, com nossos pais. O que seria isso senão amizade? 
É claro que eles terão seus amigos íntimos e irão compartilhar com eles o que não irão compartilhar com os pais. Eles terão seus segredos, seus planos, seus sonhos. Conversas e manias que serão só deles.
É claro também que pais nunca deixarão de ser pais. Aqueles que acolhem num momento de aperto, aqueles que dão limite, aqueles que incentivam, que inspiram confiança, que amam, fazendo o papel de pais.
Enfim, aqueles que sabem e precisam dizer sim ou não quando for preciso.
Mas considero essa abertura fundamental na relação pais e filhos e creio que uma amizade familiar não tire a autoridade dos pais e nem os deixa mais tímidos para impor limites.
É preciso deixar um caminho para que eles cheguem e tenham liberdade para relatar suas conquistas, frustrações, seus planos, necessidades, alegrias e tristezas. E mais do que liberdade, um aconchego.
Penso ser esse o papel dos pais. O limite, a palavra, o amor.
Não é assim que fazemos desde que são pequenos?
É assim que eles nos amam e respeitam, sabendo que podemos repreendê-los mas que estaremos também prontos para um abraço.
É preciso ser amigo sim, diria até “amigos-pais” . Para que possam estar sempre “perto” da família.
Para que possam querer sempre voltar pra casa. E é o que todos queremos.