– ‘Filha, coloca o chinelinho encostado na parede para escorrer’, ‘Já arrumou a caminha’? ‘Vem vestir o maiô da natação’, ‘Minha filha, você ainda não ensaboou? Não acredito!’ ‘Hoje só vai assistir desenho depois de fazer a tarefinha’, ‘Agora sem conversar Maria, come porque vamos chegar atrasada na escola” e blá, blá, blá…. 
Ufaa! Até eu me canso desse falatório só de lembrar… É uma constância de repetições para mamãe falar e pra Maria aprender. E nem tudo a criança quer fazer, mesmo que aprenda não é sempre que quer praticar, seja por comodismo, preguiça ou por achar outras coisas mais interessantes à frente da tarefa a ser realizada. E sempre acha!
E aí vem o estresse de ambas as partes, um por falar demais outro por não querer ouvir. Educação é isso: constância nos ensinamentos através das repetições, isso inclui também muito amor, muita sabedoria e muita paciência – sejamos justos!
Há os que acreditam que muita conversa cansa e nada resolve. É preciso ensinar e deixar a criança “digerir” o que foi pedido. Há um limite de repetições? 
Sim, pode até ser mesmo, até concordo em partes e analiso todos os dias sobre isso. Mas há muita distração e descuido por parte dos pequenos e o que foi pedido é deixado de lado, afinal, ver um desenho, ou ler um livro é bem melhor do que arrumar os brinquedos espalhados.
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Num desses pedidos para d.Maricotinha – esse do chinelinho na parede – vai a mamãe repetir o que já foi dito várias vezes. Muitas vezes pedido atendido, outras esquecido:

– Filhotinha, olha o chinelinho no chão. Mamãe já falou que precisa ficar encostado escorrendo se não acaba criando lodo ou mofando… Todo dia mamãe tem que ficar no blá, blá, blá com você… 
– E eu não gosto do seu blá, blá, blá …

Tá certo que não é nada agradável ouvir isso, mas ela tem razão. Quem gosta de falatório na cabeça? Nem mesmo nós quando ela repeti várias vezes que quer tal coisa e não desiste até conseguir ou ficarmos bravos. Mas é preciso aprender também.
Não há glória diariamente  para os pedidos e cumprimentos de deveres. Uns são bem mais receptivos, outros mais esticados, demorados, preguiçosos. De modo geral, a Senhorinha é bem obediente e sabe das suas obrigações. Mas nem todo dia “é dia de Maria”. No fim das contas vejo que é preciso bastante equilíbrio em tudo nessas horas: uma dose de firmeza, outra de falatório, outra de extrema serenidade, outra de “vamos ver o que dá”, e mais outra de firmeza..

Educação é aprendizado a todo instante, tanto para os pais quanto para as crianças. Não há fórmula mágica, não há receita que saia perfeita. Cada criança é única e cada pai e mãe também. O que não pode faltar mesmo é o amor pra ensinar e receber tanta coisa. É preciso que eles saibam que no meio de tanto aborrecimento para eles, tudo que fazemos é para que crescem jovens e adultos mais independentes, amorosos, descomplicados e simples!

Enfim, educar é amar sem parar!