E foi assim sua primeira noite do pijama..
Fantasia, ansiedade e disposição. Essa era D.Maricotinha para sua primeira noite do pijama na escolinha. Uma noite tão esperada por ela e por nós.
Chegou da escola, tomou seu banho sem enrolar (dessa vez), e logo foi vestindo sua fantasia. Iria ter uma “baguncinha” com as crianças fantasiadas no começo da noite.. 
– Minha filha, está cedo, vai amassar sua roupa. 
– Ah eu quero vestir.
Roupa amassada era o que menos importava pra ela que queria mais é ficar arrumada e sair.
Vestido de bruxa e chapéu pontudo. No pescoço e no braços um cordão e uma pulseira de morcegos confeccionados pela mamãe. Nas mãos, uma abóbora com doces. 
Por trás disso tudo, muita ansiedade….
O calor estava exagerado. O tempo fechou e veio aquela chuva como era previsto. Com ela veio a queda de energia. Só pra aumentar a expectativa de todos que estavam ali – Papai, mamãe e vovô. E agora? Agora era esperar e torcer pra tudo passar rápido.
No final deu certo. Chegamos na escola e a farra já estava armada. Pais, professores, ajudantes e as criança  bastante eufóricas. Eram abelhas, bruxas, princesas… Cada uma mais linda do que a outra..
Colchãozinho arrumado, fotos tiradas e recomendações dadas à tia; fomos embora. Aí veio o vazio de “deixá-la pra trás”. De não senti-la como todas as noites enchendo a casa com sua tagarelice e alegria, de sentir a “síndrome da cama vazia”, como ouvi na escola hoje quando fui buscá-la. 

E é isso mesmo. Na noite anterior já estava pensando nisso. Quase não dormi. E ontem nem arrisquei olhar pro quarto e pra caminha dela. Só consegui mal mal fazer isso hoje de manhã, pois sabia que iria encontrá-la.
Chegando lá,  mais uma farra pro café. Professores animados por ter dado tudo certo e as crianças (apesar de felizes), exaustas pela farra do dia anterior. Afinal, quase não dormiram.
 


Doces ou travessuras?

            

                                                           
Estava visível o cansaço da Maria. Depois da escola fomos ao supermercado e lá já percebemos.

– Quero ir embora mamãe. Me dá colo?

Indo pra casa, pediu pra pegar sua abóbora com os cordões dentro. Procuramos por todos os lados e nada. Provavelmente ficou na escola (Tomara).
Aí veio o chororô. Começou dali sua irritação maior.

Em casa, depois de muita conversa e tentativas de como resolver o “problema” ela acalmou. E veio outra invenção. Começaram os pedidos para jogar no computador.

Ouvindo “não” mesmo cansada 

– Pode jogar, mas você precisará dormir um pouco antes, pois irritada do jeito que está não tem jeito minha filha…

E não tem mesmo. Senão vira uma bola de neve. Uma irritação atrás da outra. E vamos nós madrugada afora com seus pesadelos e agitações…

Mas ela é insistente, ainda mais do jeito que estava, seus pedidos se tornam incessantes.

Como é o papai que geralmente senta pra jogar com ela (eles adoram), foi atrás dele que ela ficou com repetidos pedidos.

– Quero jogar papai…

E a gente avisando e mantendo a palavra que ela só jogaria se dormisse um pouco.

Não é não. Explicamos o motivo e acabou. Se cedêssemos, lá estaria ela cansada, firmando os olhos no computador e saindo de lá à flor da pele.

Muita brava e com lágrimas nos olhos, foi Maria “curtir” o seu “não” dentro da sua cabaninha. E eu torcendo para que com tudo isso ela pegasse no sono.

Dito e feito. Vencida pelo cansaço, adormeceu. Irritada, nervosa e necessitando de boas horas de sono. Só acordou depois mais de duas horas. E como não insistir para dormir?

Claro que é mais fácil falar sim para criança. Seria muito mais cômodo não ouvir sua reclamação insistente atrás da gente. Ceder para ter sossego. Fazer sua vontade pra não ficar comovido por vê-la chorando.
Mas a firmeza e o limite são necessários nesses momentos. É preciso aprender que nem tudo é na hora e como ela quer.
Que existem momentos pra tudo e certas situações dependem de outros fatores.
Que existe uma hierarquia em sua casa e assim, deixá-la perceber que sabemos o melhor pra ela.

Esse “não” exige esforço e persistência da parte dos pais, quantas vezes for preciso. Ele não vem de graça ou de forma fácil. E nem sempre se consegue pô-lo em prática. Mas é preciso tentar…

Segundo especialistas, é através dessa insistência que a criança cresce forte, amadurecida pra ouvir os “nãos” da vida, que aliás, não são poucos.

Os “nãos” que ela terá que enfrentar sem os seus pais por perto, com coragem, sabedoria e humildade, sabendo assim lidar com suas frustrações e emoções.

O “não” que a tornará um adulto responsável, maduro e seguro!