Não raro, está Maria se enfiando no meio da gente como um furãozinho – aquele mamífero pequenino, super ágil que possui grande capacidade de fazer buracos – “Furãozinho”, é assim que papai Cris a chama …  Até achamos engraçado certas horas… Mas pensando por outro lado, “cadê” nosso momento?
Não deu outra. Outro dia, numa dessas tentativas de atrapalhar um abraço nosso, a pequena levou uma baita bronca do papai. Já não era sem tempo.
Muitas vezes, quando isso acontece, não querendo atrapalhar sua “brincadeira”, nos sentimos sufocados e atrapalhados literalmente.
Não é culpa dela…  Que seja a “culpa” da idade.

Há de se pensar, então, que seja por ciúmes, por gracinha, ou por querer a atenção só pra ela.  Fico mais com a terceira opção.

Aliás, que pai e mãe depois que o filho começa a tagarelar, consegue terminar algum assunto, frase, ou mesmo uma palavra?
Já fizemos essa pequena pesquisa com outros pais. É tudo igual. Já é um consolo.

Às vezes, chegamos a ficar bravos um com o outro, como se a culpa fosse nossa.  São várias as tentativas de terminar um assunto, e já vem a pequena falante querer falar também. Quando conseguimos finalmente terminar (rapidamente) algo que começamos, ela dispara com o clássico:

– Ninguém me dá atenção….

NÃO???

É tudo muito engraçado, mas é preciso uma eterna conversa para manter um equilíbrio de diálogos na casa, caso contrário só se ouvirá uma vozinha bem doce, as vezes alta demais, e bem falante, deixando ecoar o tempo todo:

– Quero atenção, quero atenção, quero atenção…

 Imagino a dificuldade dos pais, em que ambos trabalham fora o dia inteiro. Chega a noite, não há espaço pra eles. Toda a saudade, toda a vontade de ter atenção, de conversar, de brincar, é “despejada” nesse momento em que a família se encontra. Não tiro a razão. Mas, pai e mãe, precisam de seu momento, para serem marido e mulher.
Tentamos com ela, ensinar a tática do dedinho levantado para ter a vez de falar. E chega a ser cômico. Ela acha que é só levantar o dedo e já vai nossa conversa sendo interrompida novamente.
– Espera filha. Não terminamos o assunto. 
Aflitos por acabar, pra não sermos interrompidos novamente, passamos a vez pra ela. E assim, voltamos um pro outro e esticamos mais um pouquinho o que foi mastigado antes.
Ufa…
E os planejamentos, os sonhos, a conversa informal, as reclamações do dia-a-dia?
Bom…. deixamos essa parte pra hora do nosso sagrado café de almoço… Na rua claro!!!

Família ê, família á… Família!