É fato! Dizer não para o filho dói, principalmente quando ele sabe muito bem afetar seu coração com um “por favor, me deixa fazer…” Ou mesmo quando a única coisa que resta nessa hora são lágrimas desesperadas, choro e uma carinha enorme de sentimento doído.

Tudo isso massacra o coração de uma mãe.
É fato também que os nãos que eles recebem agora, contribuirão para que eles se tornem adultos mais seguros, mais honestos, mais fortes, mais decididos e mais conscientes da vida.
O não nos faz sentir inteiramente culpados, quando apenas queremos educar e mostrar o que é certo ou não, o que pode ou não pode, ou simplesmente que também como pais e humanos que somos temos vontade e que aquilo não condiz com a nossa do momento. 
E como saber se de fato é apenas uma querência nossa ou realmente não seria conveniente atender tal pedido?

A história!

Uma coleguinha novata. Uma festa de aniversário. Uma vontade desenfreada da Maria de comparecer ao evento. Ainda não há intimidade do papai e mamãe com a coleguinha – são apenas dois meses de convivência. Não conhecemos seus pais e nunca fomos à sua casa. Não poderíamos ficar na festa porque era uma festa apenas para criança, mas Maria arrumou um jeito de falar para colega que permitiu que fôssemos. 
Depois de muita conversa e explicações a resposta foi não! Não pela falta de intimidade, não porque ficaríamos sem lugar esperando Maria por umas três horas em uma casa que não conhecemos ninguém, não porque somos pais e achamos que seria essa a melhor opção no momento. 
Atrás da decisão um choro enlouquecido para reverter a situação. Da nossa parte, mais conversa! Explicamos, lamentamos certas atitudes e aquietamos. Foi para o banho.
E meu coração naquele momento se despedaça pelo não resolvido, mas papai estava ali para mostrar que as coisas não são assim. Que suas vontades são satisfeitas até demais, que o choro era por não saber receber uma negativa. Que Maria é sempre coberta de carinho, de diálogo, de atenção e presença dos pais. Não havia motivos para que eu me sentisse daquela forma.
Me acalmei. 

E outros nãos virão

Sei que “me despedaçar” ao dizer um não será preciso para que Maria se inteire como um ser humano. Que mesmo com o sentimento frágil por vê-la assim, estou contribuindo (e papai também) para que ela aprenda a lidar com as possibilidades da vida. 
E do lado dela é preciso que nossa Senhorinha entenda pouco a pouco que ouvir um não, também é sinal de amor, preocupação, atenção. Que a vida é assim também pra gente, um dia ganhamos, outro não, um dia é de “festas” o outro não… 

Conclusões

Fomos jantar. Eu chateada, cansada e o clima ruim. A Senhorinha Maria disse que analisou e que eu estou certa.
E mais uma vez mamãe tentou mostrar que nós a amamos e que não gostamos de vê-la revoltada com nossas decisões.
Maria não é boba e presta atenção muito bem em tudo que acontece, por mais que ela “esperneie” e não queira a situação. Sabe que me chateio e quando é preciso fica sem minha atenção por eu ter me recolhido. E ela não quer isso.
Pelo jeito se redimiu. Amanhã, talvez, possam vir outros sentimentos. Quais, as horas dirão…
E assim vamos vivendo, amando, perdoando e aprendendo com tudo que a vida nos traz e tenta nos ensinar…

“Educar é impregnar de sentido o que fazemos
a cada instante! Paulo Freire