Ócio criativo. Esse foi o título que papai Cris sugeriu, depois que pedi opinião sobre a criatividade da D.Maricotinha. Ou sobre seu ócio. Ou as duas coisas juntas. 

Daria atenção também – e assim falei pra ele – aos “ouvidos atentos às conversas”. É a fase do escutar, do prestar atenção e do passar pra frente o ela que ouve. Cuidado! 
Maria anda muito criativa. Desenhos, palavras, ideias… O que é normal nessa idade…
Justo no “Dia da Criatividade” – que foi neste dia 17-  chega a pequena com mais uma ideia da sua cabecinha que está a todo vapor em se tratando de imaginação. 
Como está lendo e escrevendo, se dá ao luxo de arriscar muitas palavras. E sem medo de errar…
Depois de uma conversa de adultos sobre tudo na cozinha, chega a boa ouvinte com um monte de recortes escritos. O que seria? Nada além de trechos da nossa conversa….
Bocas abertas! Ela pescou tudinho. 

Reparávamos que toda hora ela voltava, olhava por cima do murinho que separa a cozinha da sala, soltava um ha ha ha e saia correndo. 

Claro, mais uma vez queria nossa atenção e suas mãozinhas que se aperfeiçoam na escrita a cada dia, auxiliava seus ouvidos e anotava tudo que ouvia…
Além do que falávamos, ela misturou também sua fala e risadas, e em papéis cortados e escritos à sua maneira, trouxe um pequeno relatório para aprovarmos ou não.
Não teve como não rir. Além de querer que notássemos sua criatividade, esperava também que déssemos boas risadas. 
De guerras à babyliss, ali estavam palavras soltas que uma menininha de 6 anos praticamente, registrou e entendeu muito bem…
Apesar de sozinha inventar brincadeiras, a maioria do tempo quer ter nossa presença bem junto dela. Jogando, desenhando, vendo um filme, comendo, tomando banho e aí vai. 
E quase não desiste. Até que por insistência ou compaixão, paramos o que estamos fazendo e vamos atendê-la. Mas enquanto isso, é provável que invente algo pra que o centro das atenções se volte pra ela…
Apesar de claramente observarmos que não teve nada de maldade em seu feito, e que foi mais uma forma apelativa de pararmos nossa conversa e atendermos suas necessidades aflitas, vale nos atentarmos quanto aos seus ouvidos bem espertos, nos rodeando, escutando e analisando tudo… 
Mas tudo mesmo..
Um dia, em uma consulta que fui levá-la, uma paciente que estava na sala de espera junto com a gente, viu que Maria já estava lendo. 
Sua observação:
– É, agora tem que ter cuidado com tudo…
E eu digo que tem mesmo. Não só com a leitura, mas também com esses ouvidinhos atentos e essa imaginação fantasiosa que não para de voar…