Pra falar a verdade nunca pensei em que tipo de mãe eu queria ou poderia um dia ser, mas tinha certeza que os valores que trouxe da infância, seriam passados para meu filho. O legado de simplicidade, dedicação e uma vida conduzida com amor e honestidade que meus pais me deixaram, seria com certeza o legado que deixaria também para Maria.

Em uma coisa eu acreditava: “Quando tivesse filhos, não deixaria a profissão, afinal, continuar a ter uma vida normal, mas com filhos seria coisa simples”. Não fazia sentido deixar de lado minhas atividades, minha carreira – nada sólida – que trazia desde os 17 anos quando botei os pés na profissão e que gostava muito.

Que nada! Minhas teorias foram por água abaixo, e tudo, completamente tudo mudou.

Casada e em outra cidade, a procura por outro trabalho começou e paralelamente veio minha Maria sacudir nossas vidas já nos primeiros meses de casamento. E agora? Quem aceitaria uma futura mamãe que já já teria que sair de licença maternidade?

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Maria uma sementinha! 2 meses de gestação.

Assim começou a caminhada até o nascimento da minha pequena e a caminhada da mãe que eu seria daí pra frente!

Tive uma gestação excelente, sem complicações ou cansaços. Maria que estava sentada no ventre da mamãe, veio com cesárea. E a vontade de ter um parto normal ficou esquecida. Ela nasceu linda, saudável e conduzimos tudo com muito amor. Passamos por essa nova fase praticamente sozinhos, desde a cura do umbigo – por papai – até o primeiro banho por mamãe.

Não oferecemos chupeta nem mamadeira, o que me deixou orgulhosa e amamentei até os dois anos e dois meses. A alegria pela amamentação foi imensa, eu me sentia plena. Mas era hora de parar, pela idade da Maria e pelo cansaço que eu já me encontrava.

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Tive uma amamentação maravilhosa! Maria era uma bezerrinha!

A Senhorinha foi crescendo e muitas vezes tive vontade de voltar ao mercado de trabalho, mas me conformava por saber que não poderia fazer isso, que não queria e nem podia deixá-la com alguém, não tínhamos escola integral e nem parentes por perto e sabia que estava desempenhando o melhor papel que poderia naquele momento.

Por estar em casa, tive a oportunidade de acompanhar todo o desenvolvimento da Maria, como os primeiros passos, a troca da papinha para a comida sólida, a primeira palavra: Mamãe!

Tive oportunidade de confortá-la e educá-la no momento que ela precisava, ou quando trazia algum conflito da escola. Sim, eu estava ali.

Ao mesmo tempo eu também queria que Maria se orgulhasse da mamãe “profissional”. Que enchesse a boca para falar que mamãe trabalhava nisso ou naquilo. E uma insegurança batia muitas vezes, por mais que eu estivesse do lado dela e isso fosse extremamente importante.

Nem sempre podia brincar com ela enquanto eu tentava escrever meus textos. Eu precisava me sentir mais útil fazendo alguma coisa, produzindo algo, sendo eu mesma. E a culpa batia, afinal eu estava em casa e tinha que dar o melhor de mim por isso.

Culpa por ficar nervosa em determinado momento, por mesmo estando perto sempre, não poder atendê-la prontamente na hora e como ela queria.

Mas tudo que a gente quer é deixar a culpa um pouco de lado. É saber que mesmo com as dores e delícias que a maternidade nos apresenta, temos o melhor amor do mundo. Um amor tão intenso que teoria nenhuma conseguiria explicar.

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E amadurecemos!

Sim, eu não tive meu sonhado parto normal, mas eu tive a melhor gestação.
Eu não tive uma profissão no mercado de trabalho, mas abdiquei dela com muito amor e desprendimento e dou a melhor palavra à Maria quando ela necessita.
Eu não dei chupetas, mamadeira e amamentei plenamente, mas admiti que estivesse cansada e quis parar.
Eu não insisti na fruta inteira e não a deixei explorar o natural sem medo ou amarras, mas ela come frutas picadas e rúculas picantes que me mata de orgulho.
Às vezes quero olhar pra mim e fazer o que gosto, nem sempre quero brincar, mas estou perto de Maria quando ela precisa, segurando suas mãos em um momento de febre ou tristeza.
Eu me canso e muitas vezes quero ficar quietinha, eu perco a paciência, eu me arrependo e peço desculpas, mas eu amo intensamente sem explicações e me sinto nas nuvens quando canto com ela!

Que mãe eu quero ser? Não sei, apenas sou! E tenho certeza que vivo a maternidade com a melhor mãe que eu posso ser!

– Maria, que mãe eu quero ser?
– A que trata a filha com muito amor e carinho!
– Por que você acha isso?
– Porque é assim que você é!

maefilha

Esse texto tem como título o tema do Segundo Seminário Internacional de Mães que acontece dia 04 de Junho em Belo Horizonte!

5 - email 5 - participantes 2015-01-01