A mais doce mulher que conheci se chamava Rosa! Exemplo de fé e resignação. Exemplo de humildade, coragem, simplicidade.

O amor por Jesus e uma vida de simplicidade!

Viveu uma vida de esposa, mãe e dona de casa, com toda a entrega de amor. Mas antes de optar por ter uma família, se entregou à Jesus e aos trabalhos da igreja. Amava Nossa Senhora e me ensinou a amá-la também! Passando por várias congregações, dedicou 10 anos de sua vida como irmã de caridade. Até mesmo aqui em Viçosa MG onde moro e onde Maria hoje estuda, foi em sua juventude postulante  pelo colégio das irmãs Carmelitas.

Mãe como postulante, junto ao seus pais Vó Ester e Vô Deodoro

Tive a oportunidade de levá-la na escola, quando passava uma temporada aqui após o falecimento do meu pai e assim encontrou com uma das suas professoras nessa época, a irmã Elisa. Um momento histórico que me esqueci de registrar, mas que ficou guardado no coração.

No Colégio Nossa Senhora Do Carmo em 2014 –  Comemoração do Aniversário da Senhorinha Maria.

Pequenas Curiosidades sobre Rosa…

Me lembro que em uma das congregações que passou, me contou que se chamava Irmã Stael, muitas vezes as freiras recebiam outro nome durante seu tempo de convento. Contava também que uma irmã guardava pra ela como sobremesa, um copo de feijão. Nos tempos de agora, chamava o feijão de “mandão”. Tinha que ter feijão em seu prato!

– Tem muito feijão na geladeira? Ele é o mandão!

Nos criou com sabedoria de mansidão. Não me lembro de ouvir sua voz alterada, brava, impaciente. Levava um copo de água na cama pra que eu nos dias de preguiça não ficasse sem escovar os dentes.

A única recordação dela nervosa (se é que posso dizer assim),  foi de um dia que quando criança eu brigava com meu irmão. Mãe me jogou um chinelo e  fui pra escola *rs. Quando voltei se abaixou diante de mim e me pediu desculpas. Disse que o “capeta” a tentou *rsss

– Ah Mãe! Ninguém te contou que os filhos tiram as mães do sério e que temos o direito de sair do prumo vez ou outra?

Curiosa, adorava olhar uma palavra no dicionário quando tinha dúvida. Folheava seus livros, guardava bulas de remédio pra quando precisasse, colecionava imagens bonitas das folhinhas de farmácia e confeccionava cadernos com as folhas que sobravam. Guardei essa lembrança!

Tinha grande amor pelos vizinhos e visitava muitas casas, me lembro bem. Todos a amavam. Se algum vizinho torcia o nariz pra alguma coisa, algo que não condizia com sua conduta, mãe se entristecia, mas de uma personalidade leve e boa, passado o desconforto, voltava a visitá-los.
Era uma verdadeira dama d.Rosa Mística com sua honestidade, ternura, sabedoria e jeito alegre, manso e simples de viver.

Cheia de pudor, quando Cris (meu esposo) estava no mesmo ambiente sozinho com ela, logo dava um jeito de ir para o quarto. Se sentia desconfortável e incomodando também. Mal sabia ela que Cris era um grande admirador dessa simples senhora.

Com tudo isso e muito mais nos privilegiou com seus 91 anos.

Mas minha rainha precisava partir pois passava por um processo natural da vida e cansada de tanta “peleja” como ela dizia, foi descansar ao lado de Jesus que ela tanto amava…

Amava tanto que em sonho sentiu o beijo Dele em seu rosto  que a fez acordar por isso. Ela dizia que Ele veio agradecê-la por não ter deixado fechar uma igreja que ela passou a cuidar com muito amor quando solteira.

Recebendo sua Sagrada Comunhão de todos os sábados, pelas mãos carinhosas da amiga Rosane

Apesar da “peleja”, nunca se ouvia lamúrias por parte dela, que mesmo estando inocente em relação ao seu estado, via que tinha algo diferente nela.

– Está sentindo dor mãe? Perguntávamos toda hora.
– Uma dorzinha boba aqui.

Prezávamos o máximo seu conforto, assim que fazíamos seu curativo e ela esquecia da “dorzinha boba”, seguia em frente fazendo suas cruzadinhas.

Ela precisava partir, pois sua alegria simples não combinava com um perfil de sofrimento..

Rosa Mística foi muito amada!!

Além dos 36 anos vivendo juntas e entre tantos momentos vividos depois, tive a graça de acompanhá-la nesses últimos 15 dias de vida , num entrega total a ela de amor e fé. Claro, uma entrega que nunca poderá ser comparada à sua entrega à nós durante todo esse tempo.

E sobre esse tempo juntas, me marcou também quando pediu pra passar um de seus aniversários aqui comigo. Foi um privilégio esse momento que pudemos lhe proporcionar uma alegria simples também, como era típico dela.

83 anos da vovó, comemorado em Viçosa! Uma alegria!

Primeira neta, Maria teve oportunidade de conviver com toda essa delicadeza que era típica da vovó. Passava alegria, mansidão, tranquilidade.

Teve dignidade na vida como ninguém. Em minha cidade natal, onde ela sempre morou, foi cuidada  com todo zelo e como filha por minha cunhada Regiane. Meu irmão sempre a atendendo em suas necessidades com muito amor e preocupação…  Viveram intensamente esses cuidados com ela!

Teve as mãos cuidadosas de dois anjos que a tratavam como vó e atendiam às suas precisões com muito carinho, me deixando aqui mais tranquila. Como elas mesmas concluíram, aprenderam muito com essa Rosa sem saber que ela estava ensinando.

Os anjos Isa e Martinha que cuidaram com muito amor da mãe! Gratidão!

Não gostava de solidão, mas também prezava sua quietude e quando a casa estava cheia, em frenesi, mãe citava sempre uma pensão que marcou seus tempos com seus pais com o entra e sai das pessoas:

-“Sabe o que tá parecendo aqui? A pensão do Totó”.

Era graça pra todo mundo que sempre lembrava com alegria dessa frase.

Teve o privilégio de morar e  conviver com a segunda netinha Ana Júlia e Ana o privilégio de sentir a ternura de uma vó tão doce…

Vóvó Rosa e a Netinha Ana Júlia

Fiquei em paz, por toda dignidade e amor que ela teve em vida, mas hoje restou o silêncio da sua voz forte e alegre me perguntando diariamente quando eu ligava, como estávamos nós três, como está o tempo. Me abençoando e abençoando os vizinhos que ela insistia em pedir por eles, porque era preciso ficar em paz com todos.

Com doçura se despedia sempre de mim com um “Tchau Querida, tenha uma boa noite e um Melhor amanhecer”

Não se esquecia de perguntar:

-“Já tomou café”?
– Eu já mãe e você?

Por falar em café mãe, “se não tiver café não me chame pra almoçar” não é assim que dizia o vô e que você bem lembrava?

Daqui , em sua homenagem, tomo um cafezinho que eu sei que de tanto gostar você substituía pela água. Esse cafezinho mãe aqui  você sabe, é amargo, coisas do Cris… (ela ria quando eu falava)
Mas tenha certeza mãe que ele se faz doce com as lembranças que guardo e com carinho de nosso tempo juntas.

Gratidão eterna!

Obrigada por tudo! Pela presença na infância, pela mansidão, pelo esforço em nos criar, por ter vivido com a gente por quase 92 anos… Desculpe por um dia ter vindo pra longe… A saudade da sua doçura nunca foi embora…

Obrigada mãe, eu sei que nem se eu vivesse 200 anos chegaria a seus pés. Mas se puder, me ensina mãe em minhas lembranças a ser um dia como você!

Texto Por Teresinha Nolasco, uma filha abençoada por ter tido uma mãe tão especial!

Obrigada:

À todos os amigos e primos, em especial Lucinda que proporcionava momentos simples e especiais à minha mãe.. .
À  família da minha cunhada que zelou por d.Rosa com muito carinho em especial às amorosas Tia Edith e d.Judith.
À dra Juliana geriatra, Fernando Ferrer mastologista pela atenção e a toda equipe médica que cuidou dela.
À Jovina e toda equipe da Tato Com Tato, em especial à querida Carla que se desprendeu com amor e delicadeza  à d.Rosa.
Agradeço também à Maria minha filha que por muitas vezes faltou à sua escola e outras atividades e me acompanhou às visitas e necessidades da vovó..
Um agradecimento especial ao meu marido Cris, que nunca mediu esforços para estar com minha Rosa. Sua sogra que ele tanto tinha compaixão e admiração. Que atendeu aos meus apelos e angústias quando eu precisava e queria estar com ela.
À todos os amigos em especial as amigas  Ju Pelizzari, Cris Philene, Jane Rocha, Renata Guida, Ana Paula Almeida, e a querida prima/amiga/irmã Stael que acompanharam toda essa trajetória, me conheciam muito bem e que sempre me ampararam nos momentos mais frágeis que passamos.

Aos vizinhos, parentes e a igreja Católica que ela tanto amava!

À “você” que de uma forma ou de outra fez a passagem da minha Rainha nessa terra mais feliz!

Gratidão! Só gratidão!