Dentre tantas outras exigências de uma maternidade, existem dois caminhos que considero importantes e delicados: A educação em período integral e a necessidade de trabalhar e deixar seu filho também por período integral em uma escola, creche ou aos cuidados de uma babá . 

Pela necessidade de passar mais tempo com minha Maria e assim poder dar a educação que tanto sonhei, segui a primeira opção.

Tive e ainda estou tendo esse privilégio de abdicar do trabalho fora de casa, pra poder sentir de forma mais intensa as necessidades da pequena.
Sei que nem todos os pais tem esse mesmo privilégio, mas muitos gostariam de ter.
O coração dói ao ir pro trabalho. A necessidade de educar em período integral também fala alto, mas em muitos casos não há o que fazer.

Confesso que muitas vezes sinto falta de produzir algo extra maternidade, talvez por ter começado minha vida profissional bem cedo e a ter levado por tantos anos. Às vezes bate a sensação de não estar sendo útil. 

Útil? Pra quem afinal?
Diante de tanta dúvida surgem as compensações por estar em casa. E aí sim me vejo “produzindo”. Produzindo amor, educação, atenção e a troca de aprendizado.

Oportunidade de ensinar na hora certa

Em casa, faço meu trabalho diário com Maria por perto, então estamos sempre conversando, cantando, trocando idéias. E muitas vezes tendo que educá-la numa pirraça, desobediência ou teimosia. 
Ela faz traquinagens infantis, conta coisas da escola e vira e mexe pede pra brincar com ela. 
Hoje achei interessante o que ela me contou.
Disse que, às vezes, na sala de aula caem objetos no chão, como lápis de cera de algum coleguinha, e que outros falam “bem feito” pra ele.

Já pergunto:
– Acha isso certo, minha filha?
– Não mamãe.

Aí vem a deixa. Nessa situação expliquei que não podemos proceder assim. Ao contrário. Que devemos oferecer ajuda para pegar os lápis quando isso acontecer. Falei também para ela se colocar no lugar do coleguinha que deixou os lápis caírem.

 – Você iria gostar que alguém falasse bem feito pra você? – Não.

Deixei com isso mais uma contribuição para o desenvolvimento saudável da Maria.
É dessa forma que ela abre oportunidades pra eu poder mostrar o que é certo ou errado. Abre oportunidades pra eu viver minha experiência de mãe integral.

Claro que isso ocorre a todo momento com as crianças. Os pais que trabalham chegam em casa e elas relatam os acontecimentos da escola. Mas penso que muitos (não é regra) já não estão tão tranquilos. Talvez pelo cansaço, pelo estresse, pela correria da noite.

Sinto-me feliz e tranquila por estar com ela e, diria, realizada nessas horas. São nesses momentos que penso que estou perto, ensinando o que é certo, na hora certa. Além de tudo isso, vivo a todo instante, a troca infinita do aprender e ensinar.