Recordar é sempre um forte na minha vida! Eu me recordo quase todo dia da minha infância. Lembro das brincadeiras, do natal, lembro da minha mãe sempre tão paciente e doce, lembro do meu pai que fazia questão de me levar e buscar em todos os lugares, lembro das brincadeiras na rua com os vizinhos, lembro das nossas viagens, eu pai e meu irmão todo fim de ano pra praia. Depois que me casei e fui morar distante deles, essa lembrança da infância ficou mais aflorada, acho que por saudade deles e de tudo…

Me lembro quando tirei essa foto. O fotógrafo pediu para fingir que arrancava uma flor 
e da primeira vez eu a arranquei mesmo. tive que repeti-la. 

A vida de casada é bem diferente! O que eles fizeram – constituir uma família – a gente fez. Mas já não é mais a mesma coisa. As alegrias são outras e as obrigações também. O zelo de pai e mãe e as brigas com o irmão já não existem mais daquela forma. As preocupações deles com a gente sim, mas os cuidados são outros. As comidinhas na mão, a maçã picadinha na hora da tv com todos reunidos, o levar e buscar na escola, os cadernos que minha mãe fazia, o dente escovado na cama e tantas outras coisas que hoje sou eu quem faço, ficaram pra trás.

Eu tive uma infância rica. Brinquei muito na rua, subia em pé de fruta constantemente porque em minha casa tinha um quintal. Meus pais me davam liberdade de ir à pracinha sem que eles precisassem ir atrás. Tinha por perto minhas vizinhas que entre desentendimentos e brincadeiras, faziam meu dia mais rico e feliz. Eu tinha uma bicicleta monark sem marcha que me perdia com ela nas ruas do meu bairro. Eu passava em atalhos pra “varar” em um bairro vizinho. Eu subia o morrinho da “caixa-dàgua” tão famosa pras crianças do bairro e amava estar ali. Eu tinha minhas primas que eu gostava de visitar e dormir na casa delas todo fim de semana praticamente e que aconteciam disputas em qual casa eu iria ficar…
Eu e meu irmão Alexandre em um dia de fotografias. 
Antigamente, posso dizer assim, passavam alguns fotógrafos na nossa porta.

Não existia Shopping, mas a pureza dos cinemas eram um paraíso pra mim. A lagoa Azul, Marcelino Pão e Vinho e tantos outros filmes, compuseram meu cenário de imaginação naquele telão enorme do “Cine Horto”. Parques e circos preenchiam com alegria meu mundo de fantasia.

Meus natais tinham sabor de família. Na casa da vó a parentada toda reunia sem falta. Mesmo com as chuvas de verão que caiam sempre em dezembro, estávamos nos encontrando com os primos, tios e avós. Era um momento muito esperado. 
Essa é a Mãezinha. Aquela boneca que toca uma canção de ninar e embala o neném.
Hoje ela é filha da minha filha!

Além desse encontro natalício tinham as domingueiras que nunca esqueço. Pai, mãe e meu irmão. Era certeiro a visita primeiro na casa da vó Maria e depois na casa da vó Ester. E ficava ansiosa pra ir pra segunda vó, pois era lá que estavam todos os primos, reunidos praticamente num mesmo bairro. A visita na casa de cada um era uma delícia.

Tanta coisa ficou pra trás e como diz Belchior “tudo muda e com toda razão”. A razão certeira de que cada um tem que viver sua vida. Meus pais viveram, eu vivo e Maria viverá a dela… Mas tem hora que a vida aperta aqui, aperta ali e a saudade disso tudo vem à tona. Mesmo sabendo que é fato crescer, acho que as famílias não deveriam se separar.

A vida “apertada” de adulto traz a infância e a infância me remete aos problemas que tinha naquela época: meu dedão do pé cortado de tanto brincar na rua, meu short descosturado pelas ruas do bairro, ou quem sabe ter que acordar cedo pra ir pra escola…

Dia do meu aniversário. Mãe fazia sempre um bolinho pra cantar parabéns e com muita simplicidade chamava os vizinhos. Ao lado meu irmão e do lado esquerdo vizinhos do bairro. Nos fundos minha casa velha que hoje já não existe mais. Provavelmente pai estava tirando as fotos.

Eu tenho saudades do pai que já se foi, tenho saudades da mãe que está longe e que acho que nunca mais ficará perto, tenho saudades dos cuidados deles, quando mesmo adulta me faziam criança todos os dias…

É… Minha infância foi boa e eu morro de saudade dela…  E por falar em infância, está chegando o Dia das Crianças. Que ele seja cheio de boas e nostálgicas recordações e grandes alegrias com o tempo que se vive!!!!

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