Esses últimos dias não tem sido fáceis pra gente: meu pai internado no hospital a beira de uma cirurgia cardíaca. A situação nos desnorteou totalmente.
Saímos às pressas de mala e cuia. Tudo que eu pedia a Deus era pra chegar a tempo de vê-lo. E graças a Deus chegamos. Agora é passar por mais uma etapa: as pontes de safena.
Com tudo isso, ficou pra trás, natação e escola da Maria, junto com elas os coleguinhas que ela vê todos os dias. Os compromissos também do papai e da mamãe. 
Claro, não tinha como ser diferente e nem poderia.
Maria gosta de ficar na casa dos avós. Aqui tem muito mais espaço pra ela brincar e correr, muito mais coisas pra fazer, mais lugares pra passear do que onde moramos. Vovô Pedro e Vovó Rosa são extremamente carinhosos com ela. Mas o fato é que não viemos pra passear. E o clima é outro.

Trouxemos nossos trabalhos para continuar aqui. E-mails, publicações, vendas e o serviço do papai. Tudo isso já toma tempo. Mas anda tudo meio “empurrado” por todo acontecimento. Haja cabeça e coração pra tanta coisa. 

Além do trabalho, tenho compromisso com meu paizinho duas vezes ao dia e pouquíssimo tempo para vê-lo, afinal está numa UTI. Corta o coração ter que virar as costas e deixá-lo lá “sozinho”. São apenas 30 minutos, esticando por conta própria pra uma hora. Mesmo com tão pouco tempo, há o preparo e o deslocamento para o hospital.
Com tudo isso, minha pequena anda carente, chamando atenção toda hora, com voz dengosa, com abraços apertados e com desenhos para “percebermos” sua presença.
E sai muita coisa criativa nessas horas. Tadinha!

A última invenção foi a “Festa de Quebra-Cabeça”. Brincadeira que criou quando a mamãe estava de partida para ver o vovô.
                                                                                                                            

– Mamãe, estou fazendo a Festa de Quebra-Cabeça, você vai ter que montar o quebra-cabeça.
– Que legal minha filha. Ó, você faz e assim que mamãe voltar, monta tudo.
Chegando, já fui logo perguntando do joguinho para que eu pudesse montar.
Pronto. Mamãe participou do “evento”. Montou o quebra-cabeça e até ganhou medalha feita por ela mesma.

A criatividade é assim. Vem em momentos de tranquilidade e alegria, mas também quando os pequenos necessitam de um pouco mais de atenção e carinho. E meu coração fica dividido toda hora, tenso e por vezes aflito por tudo.

De qualquer forma, vamos explicando que a situação requer certos procedimentos. Que não podemos dar atenção sempre que ela pede, pois precisamos trabalhar e cuidar do vovô. 
Ela sente falta do avô também. E isso fica em sua cabecinha. Tudo isso mexe com ela… e com todos.
E não há outra coisa a fazer a não ser honesto com a situação. Mas são momentos, circunstâncias naturais que os filhos vez ou outra, cedo ou tarde, irão presenciar. É doloroso, complicado e requer muito mais amor e paciência. Uma atenção que nem sempre podemos dar ou que as vezes nem estamos preparados por tanta coisa fora de lugar.
Mas a vida é assim, no pega de surpresa e bagunça tudo, nos força a aguardar tudo com fé e tolerância. As vezes pequenina, as vezes um pouco maior.

E como diz Jota Quest em sua música: “Dias melhores virão”.

Te amo Pai, te amo minha filha!

Vivemos esperando

Dias melhores
Dias de paz, dias a mais
Dias que não deixaremos
Para trás

(Jota Quest)