A gente sabe: estamos na era da tecnologia. Dos aparelhos eletrônicos, da informática, do mundo virtual. E esse mundo se estende aos relacionamentos de amizade, namoro e até quem sabe, casamento! Aqui foi assim, não posso negar. O meu amor tão esperado “chegou” através das trocas virtuais.
Mas há muito o que se questionar. Antes saia-se mais para festejar – sem tantos cliques – brincava-se nas ruas, nos quintais, nos clubes. E mesmo que a criançada gostasse de uma televisão, essa seria para relaxar, para unir as famílias a noite com todos em casa e não para substituir o mundo real das brincadeiras e encontros.
Sabemos sim que hoje em dia e cada vez mais, não há como escapar à tecnologia e hoje uma criança de dois anos já sabe deslizar o dedinho da esquerda para a direita e dizer: “tábeti”, até antes mesmo de papai e mamãe.
Maria é uma apaixonada pelo mundo virtual. Com destreza sabe abrir e-mails, escrever em blogs, baixar aplicativos, jogá-los e aí vai! Ainda não tivemos coragem, se assim posso dizer, de lhe presentear com um “tábeti”, Smartphone, ou videogame. Também não vimos necessidade. Nossa vida já é em apartamento, o que acho um limitante muito grande para um crescimento infantil de mais qualidade – saudades de sair da minha cozinha e botar o pé no quintal. Mas então por isso e por várias outras coisas, ainda não chegaram com força aqui os mais recentes eletrônicos. Não para Maria.

Mas papai e mamãe lidam com os aparelhos todo santo dia e Maria brinca os fins de semana no computador. Com hora marcada se diverte nesse tempo determinado. Algumas exceções em feriados ou férias são abertas também. Mas tudo com muito cuidado para não extrapolar ou cansar a cabecinha de tanta “tela”. A tecnologia quando bem empregada abre um universo grande para a criança, também para o adulto, mas é preciso ponderação.

Pode não tardar o contato com algum dos aparelhos que ela ainda não tem, não sabemos o dia de amanhã, mas por enquanto vamos preferindo com mais afinco, o manuseio dos livros, dos brinquedos de montar, dos rabiscos e coloridos.
Apesar de apaixonada pela tecnologia, Maria percebe as coisas. Muitas vezes gostaria que papai e mamãe não estivesse trabalhando no computador e já pensa como seria interessante e mais tranquilo um mundo sem eletrônicos.

Ontem no almoço Maria divaga:
– Mamãe, poderia não existir no mundo os aparelhos eletrônicos.
– Como assim minha filha..
– Televisão, videogame, tablete, Smparthone…
– Mas por quê?
– Porque as crianças não ficariam enfurnadas em aparelhos. Pesquisariam mais em livros, brincariam mais nas ruas…
Não tiro a razão de Maria. Ao mesmo tempo que a tecnologia abre cada vez mais seu leque de novidades e atrativos nos “obrigando” a usá-la, o mundo “real” faz falta para todos. Não só para a criança que deixa muitas vezes de pisar na terra, subir em árvore, correr na rua, andar de bicicleta, ler algo interessante com prazer e disponibilidade, mas para nós adultos que não conseguimos mais nos desvencilhar de tantas teclas e imagens em nossa frente. Usamos para o trabalho, para a diversão, para a pesquisa escolar e cada dia um pouco mais.
Gostaria que Maria tivesse usufruído de uma infância mais “natural” como eu usufruí. Mas hoje os tempos são outros. No final das contas, mesmo tendo sua utilidade, fico feliz que não exageramos nos aparelhos pra ela. Feliz que ela goste de ler segurando um livro. Que troca qualquer coisa por uma brincadeira no chão com papai e mamãe ou uma diversão na casa de alguém..
E assim vamos tentando (sobre)viver em meio a essa era maluca que não podemos mais escapar, que as crianças gostam cada vez mais e que aprendem ou adoecem com ela… Uma época que mesmo estando tão presente e arraigada nos faz pensar que poderia ser um pouco ou muito diferente….
Que bom que Maria pensa assim!!!