O sofrimento acabou! Meu guerreiro, meu pai, meu amigão se foi. O que era dor física e emocional já não existe mais. 
Foram 17 meses de luta. Muita luta todos os dias pela sobrevivência. Sim, sobrevivência, pois a vida tranquila e feliz já tinha deixado de existir há muito tempo.
Todos sofreram junto com ele vendo seu sofrimento e quase não podendo amenizar sua luta. Cobrimos nosso querido de carinho, de cuidados extremos e muitas vezes não foi suficiente. 
Nós sofríamos muito, praticamente arrastávamos a vida junto com ele, mas sempre soube que o sofrimento maior era dele… Não merecia!

Sr. Pedro foi um grande pai. Dentro dos limites de educação nunca disse não para nossas querências. Prestativo, amigo, solícito.

Me carregava para todos os lados.  Desde a cadeirinha de sua bicicleta, até minha idade adulta, estava ele ali comigo. Fins de semana me levava ao trabalho e lá ficava quando eu largava o serviço à meia-noite. Seis da manhã estava eu indo de novo e la estava meu amigão me deixando na porta do serviço saindo para buscar meu lanche, mas não antes de verificar se estava tudo bem la dentro, pois eu abria as portas…
Depois de casada, com minha Maria pequenina, quantos pacotes de fraldas esse vovô especial nos presenteava…
Foram tantos agrados, tantos carinhos, tanta presença. 
Hoje sinto falta de muita coisa… Mas não posso esquecer de seus telefonemas diários de trinta minutos. E mesmo conversando tanto, ainda inventava uma desculpa, uma receita, uma pergunta para ligar novamente… Nas minhas viagens para sua casa, queria saber de todos os lugares que estávamos passando e ao chegar, aquelas perninhas doídas com os joelhos desgastados, estavam na porta de pé, com o sorriso mais largo que já conheci, com cheirinho de frango com quiabo no fogão…
Tudo silenciou…. Fecho meus olhos de saudade, saudade grande demais que mesmo tão grande assim não quero compará-la à tristeza.
Meu amigão, meu cúmplice, meu pai, descansou. Levou com ele todo cruel sofrimento e toda dor que só ele sabia como era.. Levou também um pedacinho de cada um que ficou. Hoje não mais o dele, mas o nosso coração funciona mais lento de saudade…
Maria sempre acompanhou sua luta, vendo seu sorriso triste durante esse tempo todo.. Esse sorriso que antes quase não cabia no rosto quando a via. Quis despedir e dar adeus ao vovô! Foi corajosa nossa Maria….

É… meu guerreiro se foi! Agradeço a Deus pelo pai que me deu de presente todos esses anos. Não poderia ter escolhido melhor. Um pai conversador, alegre, emotivo! Um pai, um marido, sempre perto e acolhedor.
Agradeço a Deus por ter me ouvido quando pedi pra que ele ainda estivesse “lá” quando eu chegasse… E assim aconteceu: Meu guerreiro apenas me esperou chegar para vê-lo ainda respirar e partiu. Já inconsciente, indo para seu descanso eterno – que doeu demais naquele momento – eu torci, torci para que ele tivesse ouvido minha voz “gritando”: Pai!

Obrigada por tudo meu amigo, meu pai, meu guerreiro, meu cúmplice para sempre! Vá com Deus!

Essa sempre será minha homenagem a ele..
Quantas vezes cantei “Pai” quase sem voz… Só com lágrimas… 
Hoje continuo a cantar… e cantarei eternamente!
“Pai, pode crer, eu tô bem eu vou indo, 
tô tentando vivendo e pedindo
Com loucura pra você renascer…”
Pai, você foi meu herói meu bandido, 
hoje é mais muito mais que um amigo
Nem você nem ninguém tá sozinho, você faz parte desse caminho
Que hoje eu sigo em paz… PAI!
Fábio Junior