Muitas lembranças eu tenho lá de casa. Detalhes vivem passando na minha cabeça como um flash, algumas vezes mais foscos, outros bem nítidos. Uma dessas lembranças é de quando a luz se acabava.
Já vinha lá da cozinha pai ou mãe, com uma vela nas mãos.
Ficávamos em algum ponto da casa conversando e ouvindo as pessoas passando na rua. Tudo à luz das velas, esperando a energia voltar. Escrevendo agora, sinto como se tivesse vivendo aquele momento de novo. Está tão longe e tão perto ao mesmo tempo.
A luz chegava e só ouvia da boca deles: “Chegou”!!! Num entusiasmo como se estivessem recebendo um prêmio.
Saudades…
Pois aconteceu aqui também. A luz acabou! Era início de noite e estávamos eu e Maria. Cris ainda estava pro trabalho. Eu arrumava a cozinha. Maria veio ficar perto de mim com uma lanterninha e foi escrever.
Começamos a cantar. Cantávamos tão alto que provavelmente quem passasse no corredor ouvia nossa cantoria. Ficamos um bom tempo assim, eu arrumando a cozinha, Maria escrevendo.
– Acabei. Agora vamos para sala levando velas.
Maria por não ter costume, teve receio. Mas fomos assim mesmo. Afinal, eu já era bem familiarizada com elas.
Tudo escuro só com a pouca claridade das velas. Descobri minhas mãos no teto. Começamos a fazer sombra e vários desenhos.
Papai chegou. Fizemos o jantar e fomos comer. Adivinha? À luz de velas. Gostamos tanto de ficar assim que quando a luz voltou, continuamos o jantar dessa forma.
Dias e dias passaram. Tudo estava dentro da normalidade: A luz, os afazeres, a tecnologia, o desassossego que muitas vezes tanta energia traz.
A cantoria, as sombras na parede, o jantar à luz de velas vão ficar na memória daquele dia especial. Como eram especiais os dias que acabavam a luz junto com pai e mãe.
Fosco ou nítido, torço para que Maria se lembre pelo menos como num flash desse dia que foi único.
Os pedaços de velas revelam as marcas de um dia simples e feliz!
Por Teresinha Nolasco, mãe da Maria
chica
jan 14, 2020 @ 12:08:56
Te entendo bem…Quem não tem essas lembranças? E como era bem aproveitado aquele tempo sem luz! As mãos fazendo silhuetas, tanto era inventado e melhor: conversado! ADOREI teu post! Bem do teu jeitinho querido! Muito legal! Valeu a leitura! beijos, tudo de bom,chica
Renata
jan 14, 2020 @ 12:11:28
Boa tarde, Teresinha e Maria!!
Lembrança e mais lembrança, vida que segue dizendo que não estamos no mundo por acaso, amamos os pais, os filhos e seremos por eles também lembrados e amados, com certeza!
Foi linda demais a sensação que você teve de lembrar e a memória gerada para a lembrança de Maria! São estas delicadezas que significam nossa vida.
Aqui, um exemplo, digo para a Laura: os passarinhos vão cantar para você e quando você olhá-los entregarão um beijo da mamãe! rsrs
Beijo para vocês também!!!
Re e Laura
ana paula
jan 14, 2020 @ 15:39:41
Tê, delícia de post!
Como faltava a eletricidade na casa da minha infância e a saudação da mãe quando a luz chegava era com a mesma alegria de seus pais. E eu e lembro bem do porquê: o medo da velha geladeira descongelar e escorrer aquela água toda para fora!
Já ouvi relatos de famílias que incorporaram em suas rotinas o “dia sem energia”. Na verdade, ao cair da noite, para poderem jantar a luz de velas como vocês fizeram, papear sem a interferência dos eletrônicos, brincar de sombras na parede.
Certamente já está registrado no coração da Maria essa vivência tão especial!
Beijos para vocês!
Toninho
jan 20, 2020 @ 19:52:58
Oi Tê, lendo suas lembranças, lembrei das minhas nesta que era constante naquele tempo, da falta de energia, principalmente quando chovia. E a luz da rua dos postes era como uma lamparina. A brincadeira de sombras nas paredes é uma marca daquele tempo. Hoje as lanterninhas, celulares, luz de emergência roubou de nós estes momentos de todos juntos em volta de uma vela. Muito bonito viver, reviver este momento num mundo de tantos recursos. Foi uma noite romântica, que por certo Maricota vai lembrar.
Linda semana para vocês nestas férias.
Beijos meninas.