Mãe inventa se reinventa, renasce todos os dias, todas as horas e minutos. Mas você percebe isso de forma muito mais intensa quando seu filho cresce. Cresce tanto que de repente chega a pré-adolescência.

Achei muito interessante um texto que li outro dia, havia nele uma citação do saudoso e grande educador Içami Tiba dizendo que a adolescência é um novo nascimento, eu concordo e digo que esse (re)nascimento começa na pré-adolescência…

 

Realmente a impressão que dá é que você começa tudo de novo, porém de forma totalmente diferente. Parece até que você reaprende a amar, ou pra ser mais exata, a refinar e reformar esse amor.  Sim, o amor também precisa de refinamentos e reformas e isso é bom!

Da parte do filho, há um mundo de novidades a serem descobertas e vividas. Não existem mais tantos apegos, procuras, necessidades imediatas, tantos “manhê” quase sem intervalo. E digo hoje que faz uma falta danada aquela vozinha clamando repetidamente por você. Meu querido pai foi bem certeiro quando disse: “mãe é o nome mais doce na boca de um filho”. Verdade Pai!

Hoje ele quer ficar sozinho ouvindo sua música, lendo seu livro, ou apenas tendo seu tempo no seu quarto. E faz isso por horas, até lembrar que está com fome….
Já é preciso pedir licença, já não há livre acesso pra arrumar aquela gaveta sem uma consulta prévia… A independência vai se instalando….

Da parte da mãe, a  carência disso tudo. Muitas mudanças chegam gradativamente até certa idade, e você vai “se acostumando” , mas, quando menos se espera  algo que era rotina já não é mais e você se vê sem tudo isso: o apego dos filhos, o “mãe” repetidas vezes, a presença que você tanto gostava, a falta de tantos momentos pra dar colo.
Há um vazio por não precisar ajudar tanto agora, você olha pros lados e parece faltar alguma coisa ou um monte de coisas…

É preciso desculpar inúmeras vezes pelos ímpetos que se manifestam vez ou outra nessa fase e se desculpar por não saber algumas vezes a lidar com eles.

Limitadas e sentimentais, nos vemos com o peito apertado, chorando pelas mudanças quando não sabemos o que fazer com elas , muitas vezes sentindo uma saudade enorme daquela dependência tão certeira pra tudo, daquelas mãozinhas pequenas e pernas curtas pedindo colo. Outras vezes frustradas e tristes por termos agido de forma incoerente com essa fase de desabrochar constante.

E você vai (tentando) absorver todas essas mudanças e aprendendo diferentes formas de amar.

Não são mudanças tão simples, mas a medida que elas chegam,  vamos percebendo aos poucos e com sabedoria que isso faz parte da vida, do crescimento, do florescer da juventude que é tão rico e necessário.

Parece mesmo uma nova gestação…

E uma nova gestação também traz muitas alegrias… Traz surpresas e descobertas infindas, traz desenvolvimento, traz orgulho de ver aquele filho tão crescido, bonito e com vontades próprias, traz a doçura de olhar pra ele e ver como está grande e feliz com as novidades de sua vida que chegam a todo minuto. Traz um calor grande no peito com aquela vontade gigante de amar muito esse filho que está tão diferente, mas especial…

É preciso redobrar tudo nesse renascer: delicadeza, sensibilidade, paciência, entendimento, sabedoria, Perdão!
É preciso amar demasiadamente e deixar-se ser amada, reorganizando, reestruturando, refinando esse amor de todas as formas possíveis e assim, permitir que flua o desabrochar dessa  nova gestação  com todas as minúcias e fragilidades que ela traz…

 

Por Teresinha Nolasco, Mãe da Maria, 12 anos

 

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