Segunda-feira, indo pra casa, virei em uma esquina onde estava uma mãe, uma outra mulher conversando e uma menininha de aproximadamente 3 anos, sentadinha na porta de uma farmácia. No momento exato que passava, vi a mãe repreendendo a criança:

– Não faça assim!

Tudo bem se tivesse parado nisso. Mas junto com a repreensão verbal, veio um tapa no seu bracinho que estalou no meu coração e com certeza nos sentimentos dessa menininha que imediatamente chorou. 

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A criança não estava correndo, não estava gritando, nem derramando nada no chão ou na roupa, mas com certeza fez algo que desagradou essa mãe que em sua ignorância lhe “corrigiu” com violência. Violência sim! Uma criança nessa idade não sabe se proteger de um tapa. Imagine se soubesse e tivesse a mesma atitude com essa mãe? Seria violência de um lado e do outro.
Sei que não me dizia respeito a situação, mas compaixão e um sentimento de impotência e certa revolta, tomaram conta de mim. Olhei para trás repreendendo também a atitude, mas pouco importou para eles. Talvez se essa mãe estivesse no momento mais atenciosa em relação aos apelos da filha, não teria ficado zangada a ponto de dar-lhe um tapa. Se é assim na rua, não quero imaginar em casa.
Fui embora com meu coração despedaçado e vou cada vez que vejo pelas ruas atitudes como essa e não posso fazer nada. Queria ter sentado, conversado, ensinado alguma coisa para essa mãe e sua amiga e abraçado a criança. Meu desejo maior era esse, de consolá-la. Mas não pude…fazer o que?
Um tapa aqui outro ali, parece pouca coisa. Outro dia mais dois ou três, quem sabe mais forte na perninha, daqueles de estalar e fazer tremer,  para impor “respeito”,  pois a pirraça ou o erro da criança foram maior e assim ela não erra mais. Daqueles de deixar marcado os dedos de um pai ou de uma mãe, deixar marcados a ira e a ignorância, quando as marcas deveriam ser outras em sua vida em formação.
http://www.conversinhademae.com.br/2011/12/polemica-lei-da-palmada.html 
A educação familiar comete erros. Como tem seus erros uma escola, uma igreja, a sociedade em geral. O tempo todo nos reciclamos, tentando melhorar o que não soou tranquilo e correto. É possível corrigir-se, restaurar-se, renovar-se para uma educação de amor, onde os filhos, as pessoas percebam que através de uma atitude mais doce e mais humana, de um gesto mais fraterno e não violento, de uma voz mais sossegada que soa suave na vida dos filhos, existe ali harmonia, existe paz, existe equilíbrio de vida pra se conseguir viver melhor nesse mundo tão maluco.
Não vamos desequilibrar nossos filhos com uma atitude impensada, com uma atitude somente pra extravasarmos nossa raiva e nos sentirmos melhor. As consequências podem vir mais tarde e não poderemos julgá-los por serem problemáticos ou “esquisitos”.
Como eles serão no futuro não sabemos, mas é nosso dever contribuir para uma vida mais amena, de mais diálogo, de mais abertura e cumplicidade. De mais ouvido atento, de mais atenção verdadeira.
E quando estiverem mais velhos, ainda em casa ou não, vão poder olhar para essa família como âncora, como base sólida sempre. Um lugar onde sempre poderão voltar com prazer. Onde buscarão e encontrarão um aconchego eterno. 
E nós pais? Reconheceremos aliviados os frutos que plantamos. Perceberemos o maior retorno e a maior troca que podíamos ter: a gratidão do amor simples e tranquilo.