Muitas vezes nos perguntamos de onde vem tanto amor por um filho. E como pode existir um sentimento assim tão forte? E a perguntas ficam sempre sem respostas…

É tanta interação durante o momento que estou junto com minha Maria, que quando ela vai para a escola, ou a noite quando adormece, vem aquela saudade, seguida de um sentimento de compaixão, somado com uma sensação de não ter aproveitado satisfatoriamente o dia com a pequena. E muitas vezes, esse tempo vai mesmo embora e deixamos a desejar em certos momentos…
Quando então tenho que ser mais firme, ou brava mesmo, por certas coisas que são inevitáveis pra idade dela, vem mais um sentimento (que parece também andar sempre com a gente)… o de culpa. 

– Precisava ser tão brava? – Deveria ser mais calma e mais paciente – Da próxima vez vou respirar fundo e analisar mais a situação…
Arrastando correntes vou me questionando tarde afora. 
Chega a ser engraçado tanto questionamento, mas também uma boa reflexão para mudanças, talvez necessárias em certas horas. A gente vive se moldando para um relacionamento melhor com os filhos… com o marido… com a vida…
Hoje, após sair do banho, e chegando perto da D.Maricotinha, com sua vozinha meiga, ela disse:
– Hum… que cheirinho gostoso…
  Mamãe, você tem um cheirinho bom  toda vez que sai do banho, e é tão quentinha!!!
Ahhh! Que delícia ouvir isso!
Claro que nem sempre é assim… De vez em quando nos surpreende e nos deixa de testa franzida com suas tiradas… Mas hoje, espontaneamente, soltou essa delicadeza.
E pra mim, durante a tarde, o sentimento foi de nostalgia… 
Fiquei me lembrando disso, doida pra chegar a hora de buscá-la na escola e mais ainda, com vontade de buscá-la mais cedo. 
Mas ela precisa brincar… se relacionar… extravasar os momentos, muitas vezes sufocantes do nosso caixote sem terra (apartamento). Além do mais, aqui não tem crianças, e seus coleguinhas, já são como uma família pra ela. Ela fica feliz por lá… e nós também.
Chego em casa e vejo seus brinquedos no quarto. Ainda montadinhos da brincadeira da hora do almoço. Enquanto arrumávamos para levá-la à escola e sairmos também, ela brincava.
                           
                                      Seus brinquedos montados… Esperando mais tarde por ela…
                                      

E mais uma vez as sensações se misturam…
Fiquei ali, de pé na porta, observando sua criatividade, o seu “brincar sozinha”, e a beleza de ser ela mesma…
Saudade, compaixão e o sentimento bobo do amor maternal.

E penso sempre:

Como mãe é “boba”
Como esse amor é bobo
Como esse amor é bom!!!
Graças a Deus por tudo isso… 
 Oh, maternal amor, 
amor que ninguém esquece,
 maravilhoso pão que Deus reparte e multiplica.” 
(Victor Hugo)
Imagem: Pintura – “Mother de Arest” – Emile Minier