Sempre cantei com Maria e para ela. Na barriga, recém nascida, bebezinha e hoje, ainda arrisco alguma melodia.

Cantava de tudo. De Palavra Cantada a Vanessa da Mata, gosto de passar o que considero bom, o que tem qualidade, o que transmite emoção, sensibilidade. Acima de tudo, gosto de soltar a voz, sempre gostei.

A música eleva a alma, o espírito, os pensamentos. Nos faz mais calmos, mais humanos, mais próximos das coisas e das pessoas.

Gosto da música para o encontro, para a despedida, para a saudade, para a alegria, para mais de pertinho sentir a Deus. Gosto da música para mostrar o que sou e o que gosto. Com ela eu choro, rio, extravaso, me empolgo, me liberto de tudo que é preciso.

Sempre fui muito musical, vez ou outra me lembro de um trechinho de música em alguma conversa com alguém.
Canto música de carinho. Canto música alegre ou triste. Música de poesia, de euforia, música de criança, de despedida, canto música de agradecimento.

Sempre apreciei a música popular brasileira. Vez ou outra estava nas boas e velhas casas de discos comprando vinis com os hits do momento e desde cedo já ouvia Elis, Fátima Guedes e tantos outros.  Aos 17 anos, fui trabalhar em emissoras de rádio onde de uma rádio a outra experimentei 14 anos da profissão com muita música. Algumas daquela época ficaram para trás no meu gosto musical, hoje chegaram outras também.

O convívio com a música sempre foi grande. Sendo assim, Maria sempre foi acompanhada da boa melodia e letra, ou era MPB com a mamãe, ou música clássica ou algum rock com papai e claro, suas musiquinhas infantis.

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Lembro-me um dia, Maricota estava no período infantil da escola e chegou cantando algo que nunca havíamos cantado. “Música da atualidade”. Daquelas que são massantes, repetitivas, não trazem um bom conteúdo e nada acrescentam. Confesso que nem eu conhecia tal música e ela já fazia sucesso. Mas a convivência escolar traz também esses “aprendizados”.

Hoje, Maria ainda torce a cara quando passamos em frente a alguma loja com som alto com músicas “massantes” , parecidas com essa que ela trouxe da escola quando criancinha. Hoje ela continua valorizando a boa música que a mamãe canta, apreciando as que o papai ouve. A sementinha foi plantada e a Senhorinha sabe reconhecer uma boa canção.

Maria já presenciou algumas vezes na escola em um dia da semana, adolescentes do Ensino Médio fazendo “um som” com violão no intervalo e a pequena “trouxe” Beatles no repertório. Que beleza!!!

Maricota cresceu e apesar da nossa trajetória musical continuar a mesma, apesar do seu refinamento, nossa “criança menina” agora mais mocinha, também selecionou outras músicas ao seu acervo. Músicas pop internacionais que tem o ritmo da juventude.

Tão boa essa expressão: “o ritmo da juventude”.

As escolhas também são dela e hoje ela mostra a papai e mamãe a música que ela também aprecia. Repete muitas vezes e cantarola pela casa.

As crianças crescem e com elas cresce o conhecimento, a descoberta, a iniciativa de trazer para si seus gostos e escolhas que vão definindo seu caminhar. É preciso pai e mãe estarem abertos a essas mudanças e perceberem que as sementes com certeza dão bons frutos, mas que outras colheitas virão: as individuais, que cada pessoa traz em seu constante desenvolvimento durante a vida.

Sinto a liberdade de cantar o que sempre me tocou o coração, ao mesmo tempo, aprendo com esse mesmo coração as renovações que Maria propõe em seu crescimento. Hoje canto a música de todos os sentimentos na maternidade e na vida: a de amizade, respeito, aprendizado, de nostalgia, e  agradecimento…

Música é isso… Puro envolvimento. Eu sinto! Eu canto! Eu e Maria, crescemos juntas com ela!

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“eles partiram por outros assuntos, muitos… Mas no meu canto estarão sempre juntos”

Paula e Bebeto
Milton Nascimento

Por Teresinha Nolasco , Mãe da Maria

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Momento musical da Mamãe e Maria…
Adoro soltar a voz e Maria sempre gostou de fazer “um ritmo”